26/07/23

 
Em matéria publicada no jornal impresso O Estado de São Paulo, o mercado de crédito de carbono, que pode movimentar US$ 50 bilhões no mundo até 2030, foi abordado e a Vale citada por apoiar o projeto Biomas, que tem investimento de R$ 20 milhões de cada grupo associado, envolvendo Vale, Suzano, Marfrig, Rabobank, Itaú Unibanco e Santander, para reflorestar 2 milhões de hectares.

Leia a matéria na íntegra abaixo!

Economia Verde BI

Reflorestar áreas vira um bom negócio para empresas brasileiras

Mercado de crédito de carbono pode movimentar US$ 50 bilhões no mundo até 2030 e, no Brasil, atrai investimentos de grupos como Votorantim e Suzano. do potencial global de captura de carbono por meios naturais está no Brasil Reflorestamento se transforma em um bom negócio para empresas brasileiras Estudo aponta que mercado de crédito de carbono pode movimentar US$ 50 bilhões até 2030 em todo 0 mundo; Brasil tem potencial para concentrar 13% desse montante

CARLOS EDUARDO VALIM

Quando o grupo Votorantim transformou, há 12 anos, uma área que detinha na Mata Atlântica numa reserva florestal chamada Legado das Aguas, no Vale do Ribeira, em São Paulo, tratava-se apenas de mais um custo para o tradicional grupo industrial da família Ermírio de Moraes. Mas a boa ação ambiental, que compreendia a preservação de 31 mil hectares, uma área equivalente à de Belo Horizonte, agora, tem se provado um bom negócio. Integrada a outra reserva em Niquelândia (GO), a Legado Verdes do Cerrado permitiu a criação da empresa Reservas Votorantim, que agora estrutura um projeto-piloto de reflorestamento de 3 mil hectares para a geração de créditos de carbono. “Nós nos preparamos para isso, sabendo que o momento chegaria.

Demorou um pouquinho, mas o momento chegou”, diz o diretor executivo da Reservas Votorantim, David Canassa. “As promessas feitas no Acordo de Paris, de 2015, estão acontecendo agora. O mercado de conservação vem ganhando impulso e tem grande tendência de desenvolvimento.” Para limitar o aquecimento global a 1,5 grau Celsius até 2050, empresas divulgaram nos últimos anos metas de zerar as emissões líquidas de carbono em suas operações.

Segundo a consultoria McKinsey, a demanda por créditos de carbono no mundo pode crescer 15 vezes ou mais até 2030, e até 100 vezes até 2050. Com isso, passaria de uma movimentação de US$ 1 bilhão em 2021 para US$ 50 bilhões em 2030. O Brasil concentra 15% do potencial global de captura de carbono por meios naturais, a forma mais simples e econômica de se fazer isso (mais informações napág. B2). Ao recuperarem áreas degradadas ou mesmo mantendo de pé as árvores de locais onde poderíam por lei serem derrubadas, as empresas podem emitir títulos de créditos de carbono. Já quem libera gás na atmosfera precisa comprar esses títulos, para cumprir suas promessas de baixaras suas emissões líquidas. Assim, as reflorestadoras ganham dinheiro vendendo para quem polui. Além do Votorantim, outros grandes grupos e pesos pesados do mundo empresarial brasileiro e reconhecidos investidores entraram no negócio de reflorestamento.

Um exemplo é o da startup re.green, fundada em 2021, que atraiu em sua segunda rodada de investimentos, no ano passado, capital de R$ 389 milhões. Os recursos vieram do BW, escritório de investimentos da família Moreira Salles, da Gávea Investimentos, do expresidente do Banco Central Ar minio Fraga, e das gestoras de recursos Lanx Capital e Dynamo. Neste ano, Guilherme Leal, da Natura, se juntou a eles. Assim, o conselho de administração é dos mais estrelados, com Arminio, João Moreira Salles e Fábio Barbosa, CEO da Natura8cCo.

O objetivo da empresa é restaurar 1 milhão de hectares da Mata Atlântica e da Amazônia, uma área do tamanho de Sergipe. Para se ter ideia do tamanho do desafio, o compromisso climático feito pelo Brasil em 2015 previa reflorestar 12 milhões de hectares até 2030, como forma de cortar em 43% as emissões de gases efeito estufa relativas aos níveis de 2005. Já a Biomas tem investimento de R$ 20 milhões de cada grupo associado, envolvendo Vale, Suzano, Marfrig, Rabobank, Itaú Unibanco e Santander, para reflorestar 2 milhões de hectares. E mais a Mombak, criada por um ex-diretor financeiro do Nubank, Gabriel Haddad Silva, e um ex-CEO da 99, Peter F emandez, que estruturaram um fundo que busca levantar R$ 520 milhões para reflorestamento. AMÉRICA LATINA.

Já o BTG Pactuai garantiu US$ 230 milhões numa rodada de investimentos no ano passado para o seu tradicional fundo americano Timberland Investment Group (TIG), que tem quatro décadas de atuação e agora tem meta de US$ 1 bilhão para reflorestamento na América Latina. No mês seguinte, o BTG anunciou a compra de participação minoritária na Systemica, empresa que estrutura, desenvolve e implementa projetos de redução de emissão de gases efeito estufa, além de comercialização dos ativos ambientais gerados.

Tudo isso faz parte de uma estratégia maior do banco, que olhando para o seu próprio balanço já contabiliza mais de US$ 1,5 bilhão de linhas do portfólio de crédito ligadas a empresas e investimentos com aspectos sociais ou ambientais positivos, segundo a chefe de investimentos sustentáveis e de impacto do BTG, Patricia Genelhu. “Há toda uma frente na qual a América Latina pode contribuir internacionalmente de recursos naturais e economia verde, e trazemos iniciativas para estruturar produtos financeiros num cenário global”, diz.

O que é o crédito de carbono

• Definição
Um crédito de carbono é gerado quando uma tonelada de dióxido de carbono (C02) é “recuperada” da atmosfera
• Como isso ocorre
Um agricultor que planta árvores pode receber dinheiro de empresas para que as emissões delas sejam compensadas por meio de reflorestamento, por exemplo