01/08/24

Startup apoiada pelo Fundo Vale prevê a remoção de 21 milhões de toneladas de CO2 por meio de plantio de restauração produtiva 

Com know-how em sistemas florestais, na recuperação da Amazônia e o recente fomento do Fundo Vale no âmbito da Meta Florestal 2030 da Vale, a Radix Investimentos Florestais agora mira o mercado de carbono. A greentech prevê o sequestro de 21 milhões de toneladas de CO2 da atmosfera em 50 anos, contribuindo com o país no protagonismo da agenda de transformação ecológica internacional – com atração de investimentos e impulsionamento do desenvolvimento econômico e socioambiental. 

“Nosso modelo de plantio de restauração produtiva sucessional nos dá algumas vantagens em relação a métricas operacionais, produtivas e financeiras para realizar a operação, além de sustentabilidade ao seu crescimento. É como se a floresta promovesse financeiramente seu próprio reestabelecimento”, conta Gilberto Derze, sócio fundador da Radix.  

Criada em 2015, a empresa faz o plantio de florestas comerciais de madeira tropical e agora volta-se ao mercado de restauração e descarbonização, oferecendo o mecanismo de compensação de carbono para empresas zerarem suas emissões de gases poluentes enquanto financiam a recuperação e a preservação ambiental. 

O fomento de R$ 1,3 milhão do Fundo Vale impulsionou o projeto implantado em 2023. “A Meta Florestal visa proteger e recuperar 500 mil hectares até 2030 e os créditos de carbono desempenham papel importante neste processo. O programa direciona suporte financeiro para negócios de impacto, e a atuação da Radix na recuperação de áreas degradadas, na remoção de CO2 e na preservação da biodiversidade é destacada como relevante”, diz Helio Laubenheimer, especialista em carbono do Fundo Vale. 

Protagonismo brasileiro no mercado de carbono 

O comércio de créditos de carbono teve um crescimento global de 65% de 2020 para 2021, segundo o Climate Focus, e ganhou força pela percepção das mudanças climáticas e de seus efeitos – como enchentes e aquecimento global. As pessoas estão mais atentas às questões ambientais e buscam produtos sustentáveis e empresas com responsabilidade ESG.  

“Isso certamente monta um sistema de pressão da sociedade para com as empresas, que precisam estabelecer políticas de descarbonização aliadas à compensação de suas emissões a fim de manter seu público, buscar novos consumidores e se adequar às diretrizes internacionais. Para atrair investimentos externos com juros baixos, as empresas no Brasil devem aderir a um processo de descarbonização de seus sistemas produtivos”, diz Derze. 

O Brasil tem potencial para ser protagonista mundial do processo de descarbonização e da luta contra as mudanças climáticas, já que concentra 15% do potencial global de captura de carbono por meios naturais – com chances de atender a 48,7% da demanda global, segundo a consultoria McKinsey.  

 “O país tem uma vasta área dentro da faixa tropical, o que lhe permite, por exemplo, ter uma performance maior em produtividade na produção de madeira e outras culturas capazes de sequestrar os gases de efeito estufa”, assinala Derze.  

A vastidão das florestas naturais e uma possível mudança no modelo produtivo nas atividades agrícolas são outros fatores de peso que, somados à relevância da agenda ESG, tornam o cenário promissor. A projeção é a de que a demanda por créditos de carbono pode aumentar 15 vezes até 2030 e 100 vezes até 2050, passando de US$ 1 bilhão em 2021 para US$ 50 bilhões em 2030, de acordo com a McKinsey. 

Com as empresas se comprometendo a zerar a emissão líquida de carbono, as perspectivas de que o Brasil se torne neutro em carbono até 2050 tornam-se cada vez mais reais.  

“O país está em uma posição única para emergir como protagonista nessa corrida. Nossa matriz de geração elétrica é predominantemente limpa e renovável, somos pioneiros no uso de biocombustíveis e possuímos uma vasta riqueza em recursos naturais, oferecendo oportunidades importantes para a conservação ambiental e remoção de carbono através de soluções baseadas na natureza”, aponta Laubenheimer, que estimula negócios com soluções inovadoras no Fundo Vale. 

Ao se posicionar como líder, o Brasil ganha benefícios ambientais, comerciais e sociais. “A atração de investimentos deve ser direcionada não apenas para os projetos de preservação e recuperação de florestas, mas, principalmente, para questões sociais e de desenvolvimento humano – uma vez que as áreas mais propícias a sequestrar carbono são também as com menor desenvolvimento e qualidade de vida”, conclui o especialista da Radix.