Plataforma de inteligência artificial do Imazon, que recebe apoio do Fundo Vale para prever áreas de risco e prevenir desmatamento, agora usa dados na escala do CAR
Foto: Pedro Cattony
A PrevisIA, ferramenta que está inovando na proteção de florestas, projeta que a área de risco de desmatamento na Amazônia Legal em 2024 é de 8.959 km². O Pará continua sendo o estado brasileiro mais vulnerável, com 3.439 km² de áreas de risco, das quais aproximadamente 21% são classificadas como de risco muito alto.
A PrevisIA é uma plataforma de inteligência artificial desenvolvida pelo Imazon com apoio do Fundo Vale, que usa dados de várias fontes para prever e prevenir o desmatamento ilegal. Diferente dos alertas tradicionais, que analisam dados passados, a PrevisIA permite ações preventivas eficazes ao oferecer uma visão proativa. Desde seu lançamento em 2021, a plataforma tem sido aprimorada para melhor atender órgãos como o Ministério Público do Pará (MPPA).
“O suporte do Fundo Vale tem sido essencial para o desenvolvimento e implementação da PrevisIA. Este apoio permitiu o engajamento contínuo com o Ministério Público do Pará e outros órgãos, consolidando a ferramenta como um recurso estratégico no combate ao desmatamento. O Fundo Vale não só observa os resultados, mas também discute ideias e melhores formas de utilizar e comunicar a ferramenta”, diz Paulo Amaral, pesquisador associado ao Imazon.
Protocolo de prevenção
Além do uso de imagens de satélite para monitorar mudanças na cobertura florestal, informações climáticas sobre padrões de chuva e temperatura, e dados sobre o histórico de uso da terra e atividades agrícolas, a PrevisIA passou a utilizar informações sobre propriedades rurais contidas no Cadastro Ambiental Rural (CAR). Em 2023, foi identificado que 52% dos imóveis rurais registrados no CAR estavam em áreas de alto e muito alto risco e responsáveis por 69% do desmatamento.
O Ministério Público do Pará (MPPA), por meio do Centro de Apoio Operacional (CAO), está testando um protocolo específico para lidar com produtores rurais cujas os imóveis são identificados pela PrevisIA como de alto e muito alto risco. O processo compreende o envio de um boletim individualizado para o produtor, alertando-o sobre a alta probabilidade de desmatamento em sua propriedade. Este boletim fornece informações essenciais para que o produtor tome decisões conscientes e evite práticas ilegais.
“A importância de informar diretamente o produtor rural reside no fato de que ele é quem toma a decisão final sobre o uso da terra. Ao ser avisado sobre o risco, ele pode consultar os órgãos ambientais antes de realizar qualquer atividade que possa resultar em desmatamento, garantindo que esteja em conformidade com a legislação ambiental”, explica Paulo Amaral.
Cruzamento com dados do IPS Brasil
Futuramente, a PrevisIA também usará dados do Índice de Progresso Social (IPS) Brasil para identificar as áreas de risco. Estudos mostram que os 29 territórios com as maiores taxas de desmatamento acumulado apresentam níveis de desenvolvimento humano muito inferiores à média nacional.
O IPS é um índice de prestígio internacional criado em 2013 para analisar as condições sociais e ambientais de qualquer território. Concebido a partir do entendimento de que os índices de desenvolvimento baseados apenas em indicadores econômicos são insuficientes, o IPS utiliza exclusivamente variáveis socioambientais. No Brasil, o Imazon lidera a publicação do índice para a Amazônia Legal desde 2014.
Menor desmatamento em 10 anos
Segundo o Sistema de Alerta de Desmatamento (SAD) do Imazon, no primeiro semestre de 2024, o desmatamento nas unidades de conservação da Amazônia foi o menor dos últimos dez anos, totalizando 93 km², uma redução de 18% em relação ao mesmo período de 2023. Terras indígenas também mostraram uma redução significativa, com a menor destruição desde 2016, registrando 15 km².