Na primeira edição da nossa newsletter em 2025, convidamos você a relembrar os momentos marcantes de 2024 e a projetar o futuro com otimismo, refletindo sobre os desafios e as oportunidades que estão no nosso horizonte
Em 2024, nossos 15 anos de história “Semeando Futuros” se tornaram um marco não apenas para celebrar, mas para reafirmar o papel do Fundo Vale como catalisador de transformações sustentáveis. Durante o evento de aniversário, realizado no Museu da Língua Portuguesa, em São Paulo, refletimos com entusiasmo sobre nossos principais resultados e, ao lado de parceiros e colaboradores, promovemos diálogos sobre temas essenciais para seguirmos em frente viabilizando novas semeaduras e novas colheitas.
Nesta primeira edição do ano da nossa newsletter, vamos revisitar momentos e avanços importantes ocorridos em 2024. Antes disso, queremos compartilhar um breve resumo dos frutos gerados pelos diálogos realizados, que fortaleceram nosso propósito de construir, junto a parceiros e comunidades, caminhos que integram o desenvolvimento econômico, a justiça social e a recuperação ambiental.
Qual o papel do Fundo Vale no Ecossistema de Impacto?
De acordo com o grupo que participou deste diálogo, o Fundo Vale desempenha um papel essencial como catalisador de um ecossistema de transformação socioeconômica, ambiental e territorial, priorizando projetos inovadores e negócios de impacto.
Sua atuação é pautada pela confiança, ousadia e colaboração estratégica com parceiros, funcionando como um acelerador de iniciativas sustentáveis. Por meio da viabilização de recursos, sensibilidade às realidades locais e incentivo à sistemas produtivos sustentáveis e à sociobioeconomia, o Fundo Vale apoia ações que vão desde a recuperação de áreas até o fortalecimento de cooperativas e organizações comunitárias. Além disso, apoia a pesquisa, o desenvolvimento de tecnologias, fortalece mecanismos financeiros inovadores e soluções como créditos de carbono e capital semente, impactando diretamente cadeias produtivas e promovendo negócios escaláveis e sustentáveis.
Desafios e soluções
O grupo também identificou os desafios estruturais e operacionais que impactam o ecossistema de transformação socioambiental. A escassez de mão de obra qualificada, especialmente em áreas como manejo sustentável e dinâmica de negócios é um entrave significativo, agravado pela falta de financiamento nacional robusto e pela necessidade de destravar processos e documentações, principalmente no norte do Brasil, onde a regularização fundiária ainda representa um gargalo crítico. Veja outros pontos levantados.
Bioeconomia
No campo da bioeconomia, ainda há resistência em assumir os riscos inerentes aos projetos locais, apesar do crescente interesse em seus impactos positivos. Outro desafio é a dificuldade de integrar tecnologia e gestão inovadora, ainda limitada por barreiras econômicas e falta de visão antecipada, enquanto soluções maduras demoram a entrar em prática por conta do foco no curto prazo e da falta de implementação efetiva. O ecossistema de impacto também enfrenta a pressão de agir em um cenário onde o tempo para soluções é cada vez mais escasso, com discussões intensas, mas pouca materialização em ações práticas ao longo das últimas décadas.
Pesquisa e Desenvolvimento (P&D)
O grupo também identificou o desafio de impulsionar a inovação para orientar a Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) em novos negócios baseados em Soluções Baseadas na Natureza (NBS). A criação de uma plataforma de conhecimento é essencial para a gestão da inovação, sistematização do conhecimento e compartilhamento das lições aprendidas. Esta plataforma deve integrar as melhores práticas e resultados de P&D, garantindo que sejam aplicadas de forma eficaz nos projetos.
A prova de conceito é uma etapa crucial para validar novas ideias e tecnologias antes de sua implementação em larga escala. No entanto, é fundamental ter cuidado ao aplicar as melhores práticas de P&D para assegurar que as soluções desenvolvidas sejam sustentáveis, escaláveis e adaptáveis às condições locais. A sistematização do conhecimento e a gestão da inovação são instrumentos vitais para transformar insights em ações concretas e eficazes.
Desmatamento e recuperação de áreas
Neste campo, os caminhos possíveis incluem o plantio e a regeneração natural, ambos enfrentando desafios significativos para alcançar a escala necessária. A recuperação de matéria orgânica é uma estratégia vital, mas o principal desafio continua sendo interromper o desmatamento na Amazônia, que ocorre em um ritmo muito mais rápido do que a capacidade de recuperação. Para reduzir o desmatamento, ações como o Arco de Fogo, que envolve um choque de enfrentamento com forças nacionais e policiais, são importantes. Uma medida necessária é o convencimento dos produtores para a realização do Cadastro Ambiental Rural (CAR) e a estruturação de secretarias municipais de meio ambiente.
Horizonte de Futuro
De acordo com o segundo grupo, para manter o ecossistema de organizações parceiras na vanguarda da transformação rumo a uma economia mais sustentável, justa e inclusiva, é essencial fortalecer a estrutura existente sem perder o foco principal. Veja a seguir algumas reflexões extraídas do diálogo.
Fundos de Impacto
Um dos principais desafios é a distância dos fundos de impacto das discussões estratégicas. Para superar isso, é fundamental criar pontes entre as partes interessadas, envolvendo-os mais diretamente nos processos de decisão e execução. O fortalecimento das redes colaborativas pode permitir uma maior sinergia entre capital e impacto.
Desenvolvimento de Fornecedores Sustentáveis
É essencial fomentar práticas mais sustentáveis entre fornecedores, promovendo a adoção de soluções inovadoras que contribuam para a transformação econômica e ambiental. Isso inclui o estudo de estratégias que permitem integrar a sustentabilidade às cadeias produtivas e ampliar o impacto positivo no ecossistema dos negócios.
Ampliação do Olhar para as Amazônias
É preciso expandir a atuação para incluir as “Cinco Amazônias”, com atenção às áreas urbanas e às demandas específicas das cidades. Essa abordagem deve priorizar a bioeconomia urbana, incentivando negócios locais e atendendo às necessidades de empreendedores, promovendo uma sinergia entre soluções sustentáveis e desenvolvimento econômico.
Monetização de Ativos e Diversificação de Modelos
Ativos como o resgate de carbono realizado por parceiros ainda não estão sendo monetizados de forma eficiente. A solução é a integração de estratégias que vão além dos créditos de carbono, com a diversificação de modelos de negócios baseados em Soluções Baseadas na Natureza (NBS), criando oportunidades para valorizar os serviços ambientais.
Pesquisa e Transversalidade do Conhecimento
A transversalidade do conhecimento é crucial para eliminar a segmentação entre áreas de atuação. A aprendizagem gerada pelas iniciativas do Fundo Vale pode servir de inspiração e contribuir para influenciar positivamente outras organizações parceiras, promovendo um ecossistema integrado e inovador.
Prototipagem e Participação Ativa em Fóruns
A prototipagem de metas florestais é um exemplo importante de como abrir novos caminhos para o desenvolvimento sustentável. A participação ativa em fóruns de discussão e redes colaborativas é essencial para fortalecer o diálogo, compartilhar aprendizados e influenciar positivamente o mercado.
O Ano da COP da Floresta
Iniciamos 2025 com energias renovadas, especialmente com a realização da COP 30 no Brasil, que coloca a Amazônia no centro das discussões globais sobre o clima. Este evento vai além de uma simples conferência; é um convite à ação coletiva para construir um futuro que harmonize crescimento econômico, equidade social e proteção ambiental. O Fundo Vale já está se preparando para contribuir ativamente com ideias, parcerias e a ampliação de iniciativas de impacto positivo, demonstrando seu compromisso com a sustentabilidade e a recuperação dos ecossistemas.
A COP 30 oferece uma oportunidade única para fortalecer parcerias multissetoriais no enfrentamento dos desafios climáticos e socioeconômicos da Amazônia. Governos devem liderar com políticas públicas efetivas, enquanto empresas e investidores alavancam recursos e negócios de impacto positivo. Organizações da sociedade civil devem atuar como vozes das comunidades locais e catalisadoras de soluções.
Essa sinergia é essencial para criar um ambiente de colaboração e confiança, onde iniciativas sustentáveis possam prosperar. Juntos, podemos impulsionar a sociobioeconomia, combinando saberes ancestrais e inovações tecnológicas, apoiados por investimentos e políticas públicas, para posicionar o Brasil como líder na transição para uma economia de baixo carbono.