03/08/23

Por meio desse fomento, a empresa iniciará a transição do sistema de monocultura para o modelo de silvicultura mista, com a plantação de um número maior de espécies e um olhar especial para inclusão de plantas nativas 

No mês em que o Governo Federal relançou o Plano de Ação Prevenção e Controle de Desmatamento da Amazônia (PPCDAm), a greentech Radix Investimentos Florestais passa a contar com a ampliação da atuação do Fundo Vale no suporte aos novos negócios florestais da empresa por meio de um apoio filantrópico da ordem de R$ 1,3 milhão.  O fomento permitirá a evolução do sistema de monocultura para a silvicultura mista, com ganhos financeiros e ambientais por meio da preservação e recuperação de regiões amazônicas e estímulo da biodiversidade. O objetivo é testar um novo modelo de investimento com maior impacto ambiental através de oferta pública de cotas com opção para pessoas físicas interessadas também investirem.  

Segundo Gustavo Luz, diretor do Fundo Vale, o apoio à Radix para implementação de um modelo de recuperação de áreas – agora com silvicultura mista – se soma ao portfólio de atuação da associação sem fins lucrativos mantida pela Vale, que já conta com suporte para cooperativas, negócios de impacto em modelos de Sistemas Agroflorestais (SAFs) e agrossilvipastoris.  O apoio filantrópico à Radix é uma alternativa adicional visando o alcance da Meta Florestal da Vale, cujo compromisso é de proteger e recuperar 500 mil hectares de florestas no Brasil até 2030. Do total, serão protegidos 400 mil hectares de florestas já existentes e 100 mil serão recuperados por meio do fomento a negócios de impacto positivo socioambientais. 

“A Radix, que democratiza investimentos verdes e recupera áreas por meio do plantio e manejo sustentável das florestas, foi selecionada pela capacidade operacional de recuperar áreas e, sobretudo pela solução inovadora para destravar o acesso a investimentos florestais, para que consiga atingir mais pessoas nesse movimento e ampliar o impacto de nossas ações”

Gustavo Luz

A empresa possui 200 hectares cultivados em Roraima e Minas Gerais, que são cuidados e manejados para a plantação de Mogno Africano, divididos em módulos e ofertadas em cotas acessíveis por meio de crowdfunding. Até hoje 950 cotistas investem em ativos florestais com a startup. Com o fomento do Fundo Vale, a Radix iniciará a transição do sistema de monocultura para o modelo de silvicultura mista, com a plantação de um número maior de espécies, com um especial olhar para inclusão de espécies nativas.  

“Cada espécie tem um papel distinto no processo de recuperação, em termos de serviços ecossistêmicos – como melhor adubação, descompactação ou maior deposição de carbono no solo – e se adequa melhor a áreas com características diferentes – como regiões alagadas ou muito compactadas”

Gilberto Derze, sócio-fundador da Radix

A implementação será iniciada com a plantação de Mogno Africano, Teca, Castanha do Brasil, Paricá, Andiroba, Pau-rainha, Guanandi, Roxinho e Pau-de-balsa, seguida de Ipê, Maçaranduba, Cumarú, Angelim, Freijó, Cedro, dentre outros. A biodiversidade propicia a preservação e manutenção de árvores ameaçadas pela exploração, além de proporcionar uma exploração inequiânea, de forma que a floresta permanece sempre de pé. 

“A Radix é uma empresa de reflorestamento que trabalhou, principalmente, com plantios de Mogno Africano. O projeto atual visa fomentar e testar a viabilidade de um sistema agroflorestal misto e inequiâneo, com o plantio de 11 espécies nativas da Amazônia ao longo dos 20 anos, já iniciando com no mínimo 2 espécies nativas desde o primeiro ano. Mesmo com a finalidade de exploração econômica, esse tipo de silvicultura gera impactos ecológicos positivos durante seu ciclo, atingindo um processo de renovação perene no longo prazo, com pontos de corte e replantio distintos e constantes”, destaca Maria Otávia Crepaldi, Gerente de projetos de florestas e uso da terra da Palladium, parceira do Fundo Vale na implementação da Meta Florestal 2030.  

“A expertise no manejo florestal, equipamentos próprios e equipe qualificada da Radix facilitam o processo de transição, ainda mais na região Amazônica, que carece desses recursos. “O apoio filantrópico do Fundo Vale nos dá condições para implantar o sistema com segurança, com suporte técnico e financeiro para aumentarmos o time e investirmos em mudas e adubos e assim atingirmos nosso objetivo de um milhão de árvores até 2030”, diz Derze da Radix.  

Com base na experiência acumulada nos anos anteriores e em sua atuação como investidor de impacto, o Fundo Vale potencializa negócios que oferecem um equilíbrio atrativo entre risco, retorno e impactos socioambientais positivos no uso da terra. “Isso significa conservar área equivalente a 400 mil campos de futebol e recuperar outros 100 mil campos. A Radix é uma das escolhidas para realização de uma prova de conceito (PoC) que compõe o portifólio de negócios da Meta”, detalha Gustavo Luz.  

Novo modelo amplia impacto ambiental com retorno financeiro de investimento verde 

Com a diversidade de plantio da silvicultura mista, os investidores da Radix também são beneficiados com uma expectativa de rentabilidade mais alta do que a do modelo anterior da empresa, além de receitas mais precoces e frequentes. “O mogno africano atinge o ponto de comercialização da madeira entre 18 e 20 anos, sendo que outras árvores têm momentos de corte distintos. Com a inserção de espécies de ciclo mais curto – como o Pau-de-balsa e o Paricá, que ficam cinco e dez anos no sistema, respectivamente –, fazemos um manejo florestal que permite cortes antecipados e sem prejudicar o sistema florestal estabelecido”, diz Derze.