Por meio de blended finance, o programa vai capacitar e financiar negócios de bioeconomia com impacto socioambiental na região amazônica
Foto: Ricardo Teles
O Fundo Vale anunciou uma parceria com o Amazônia Viva, um inovador mecanismo de financiamento recentemente lançado pela Natura, com a colaboração do FUNBIO (Fundo Brasileiro para a Biodiversidade) e da VERT Securitizadora. Estruturado através de blended finance (financiamento misto), o programa visa fortalecer organizações, cooperativas e cadeias da sociobiodiversidade na região amazônica. O Fundo Vale vai participar com R$ 3 milhões não-reembolsáveis, que serão destinados ao fomento de negócios de impacto. Nesta fase inicial, o mecanismo já conta com o total de R$ 12 milhões.
A Amazônia Viva opera por meio de dois mecanismos de financiamento, alinhados sob o mesmo processo de governança. O primeiro, apoiado pelo Fundo Vale, é o Fundo Facilitador ECF (Enabling Conditions Facility), gerido pelo FUNBIO. O ECF é no modelo não reembolsável e está disponível para realização de investimentos em capacitação, digitalização, infraestrutura, conservação de áreas e outras iniciativas voltadas para a estruturação e o fortalecimento de cadeias da sociobiodiversidade amazônicas. O instrumento também pretende promover o protagonismo de jovens e mulheres.
O segundo, é o Certificado de Recebíveis do Agronegócio (CRA), gerido pela VERT, que oferece financiamentos com taxa de juros de 8% ao ano. A Natura atua como financiadora, indicando cooperativas para acessar o crédito, além de participar como investidora e como compradora dos insumos (off-taker). Esse modelo conecta as cooperativas ao mercado, fechando um ciclo virtuoso. No futuro, o programa planeja envolver outros off-takers alinhados com o propósito do programa.
“O modelo de blended finance adotado pelo Amazônia Viva é inovador porque une o CRA, que será usado como capital de giro para safras anuais, e o ECF, que garante recursos para os produtores se capacitarem. A bioeconomia na Amazônia tem grande potencial de gerar negócios, mas ainda depende de investimento filantrópico para fortalecer sua capacidade produtiva, através de tecnologia, conhecimento em gestão e infraestrutura”, explica Gustavo Luz, Diretor do Fundo Vale.
O Mecanismo Amazônia Viva prevê estimular o desenvolvimento em cerca de 16 territórios, aumentar a produção de mais de 40 cooperativas e associações agroextrativistas e beneficiar mais de 10 mil famílias na Amazônia. Para fortalecer o programa, em breve haverá a participação do BNDES. Também estão previstas colaborações de outros bancos multilaterais.