Curso foi realizado em parceria com o veículo Capital Reset e obteve 96% de avaliações como excelente e muito bom
No dia 5 de dezembro, o Fundo Vale promoveu, em parceria com o Capital Reset, o evento online “Capacitação para Jornalistas: Destaque-se na COP 30”. O evento contou com 3 painéis e teve a participação de 25 jornalistas segundo a pesquisa de satisfação, a iniciativa teve alto índice de aprovação, com 96% dos jornalistas avaliando a qualidade geral do curso como excelente ou muito boa e 100% afirmando que os conteúdos abordaram as expectativas ou as superaram.
Na abertura do evento, Gustavo Luz, diretor do Fundo Vale, apontou a necessidade de a COP30 deixar um legado sustentável e cultural para a região amazônica. Ele expressou a esperança de que o evento inspire ações concretas para a mitigação da crise climática e que promova uma narrativa positiva sobre o Brasil e a floresta amazônica.
Luz também destacou a relevância dos temas Amazônia e Bioeconomia na COP30, reforçando aos jornalistas a necessidade de amplificar as vozes locais nas narrativas sobre a região. “Nada melhor do que os comunicadores conheçam a agenda do território para contar essa história da melhor forma – com a legitimidade de quem protege a floresta há muitos anos”, afirmou.
Painel Amazônia
Com mediação do jornalista Daniel Nardin, fundador da Amazônia Vox, Caroline Rocha, da La Clima e Ritaumaria Pereira, do Imazon, expuseram visões diversas para os jornalistas refletirem sobre as características e os desafios da Amazônia – bioma fundamental para a regulação do clima no planeta.
Ritaumaria destacou o conceito das “Cinco Amazônias”, uma classificação que orienta ações para a conservação e o desenvolvimento sustentável na região: a Amazônia Florestal, com áreas preservadas de alta biodiversidade; a Amazônia Sob Pressão, impactada por atividades agrícolas e pecuárias; a Amazônia Desmatada, que exige recuperação e reflorestamento; a Amazônia Não-Florestal, que inclui parte do Cerrado e enfrenta grande pressão para novos desmatamentos; e a Amazônia Urbana, onde vive 76% da população regional.
Carolina Rocha, que também é cofundadora da Rede Amazônidas pelo Clima, abordou as questões da Amazônia a partir de uma perspectiva local, enfatizando que as soluções históricas para a região muitas vezes foram impostas de fora, sem considerar as realidades e necessidades locais. Carolina mencionou que a presença de especialistas amazônidas é essencial para entender a dinâmica da região e que é fundamental que as políticas e práticas de desenvolvimento sejam endógenas, respeitando a vocação da Amazônia para a bioeconomia e o turismo sustentável.
Painel Bioeconomia
O segundo painel, moderado por Vanessa Adachi, do Capital Reset, abordou a bioeconomia como uma alavanca para o desenvolvimento e preservação dos biomas no Brasil, com foco na Amazônia.
Márcia Soares, gerente de Amazônia e Parcerias do Fundo Vale, ressaltou que o desmatamento está diretamente ligado a questões econômicas e destacou a importância de integrar comunidades locais às iniciativas de bioeconomia. Ela explicou a necessidade de desenvolver um arranjo conjunto de negócios da bioeconomia, no qual a escala não se refira apenas à produção em um único negócio, mas à quantidade de negócios que beneficiam as comunidades locais com a distribuição justa dos ganhos ao longo da cadeia produtiva.
“Embora haja muitas iniciativas voltadas para o fortalecimento dos negócios de comunidades tradicionais, ainda estamos em uma escala muito pequena em comparação ao potencial que a bioeconomia pode oferecer. O desafio é como dar escala à bioeconomia sem pressionar a floresta”, pontuou.
Mariano Cenamo, cofundador do Idesam e CEO da AMAZ, enfatizou a importância de integrar a ciência e as práticas de bioeconomia ao conhecimento tradicional, além de destacar a necessidade de um suporte financeiro adequado para garantir a prosperidade e a sustentabilidade desses negócios. “Embora haja uma abundância de anúncios de recursos em fóruns globais como as COPs, a efetividade na aplicação desse capital na Amazônia é limitada devido à lentidão dos processos e à falta de mecanismos ágeis para desembolsos. Precisamos investir de forma inovadora e ousada, assumindo riscos, para gerar resultados reais na redução do desmatamento e na promoção da bioeconomia”, disse.
Painel COP 30
Moderado pelo jornalista do Capital Reset Sérgio Teixeira Junior, o painel teve a participação de Rodrigo Lima, da consultoria Agroicone e de Natália Renteria, da Climate Connection.
Rodrigo Lima enfatizou que a COP30 no Brasil deve abordar todas as soluções climáticas de forma integrada. Ele destacou que a presidência brasileira precisará de ampla experiência em negociação para liderar com eficácia e restaurar a confiança no processo multilateral, promovendo a implementação de ações climáticas alinhadas às metas de financiamento e às Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs). “Uma COP é como um jogo de futebol em que a bola está em campo o tempo todo. Tem momentos de grande movimento, mas nem sempre vemos grandes decisões sendo tomadas”, disse.
Advogada e especialista em negociações climáticas, Natália Renteria ofereceu aos participantes da capacitação uma visão prática sobre a organização das COPs. Ela explicou que cada conferência é estruturada em torno de um tema central que orienta a discussão e que a mobilização da sociedade acontece tanto dentro quanto fora do evento. Contudo, destacou que a verdadeira influência nas negociações ocorre por meio de canais oficiais. Segundo Natália, essa estrutura complexa é essencial para viabilizar discussões e acordos climáticos. “A COP30 será crucial para reconstruir a confiança entre os países e avançar na implementação de ações climáticas”, pontuou.