Patrocinado pelo Fundo Vale e realizado pela KPTL em parceria com a Impacta Finanças Sustentáveis e com apoio da Climate Ventures, o material joga luz sobre a necessidade de maior participação do capital financeiro no processo de transição climática
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Foto: Vagno Fernandes
Segundo um estudo inédito da KPTL patrocinado pelo Fundo Vale, apenas 10% dos investimentos de venture capital no Brasil são direcionados a teses de Floresta e Clima. A maior parte dos investimentos ainda se concentra em setores como energia, transporte e agropecuária, que atualmente possuem mercados mais consolidados e previsíveis. Realizado em parceria com a Impacta Finanças e apoiado pela Climate Ventures, o estudo foi desenvolvido a partir de um amplo levantamento de informações primárias e secundárias, envolvendo a participação de diversos atores dos ecossistemas financeiro e de impacto.
Dividido em 3 principais blocos, o material busca nos primeiros dois capítulos fazer uma contextualização sobre o cenário global e nacional, para em seguida analisar a disposição setorial do Brasil na agenda climática e, então, concluir analisando qual o papel das gestoras de venture capital dentro destes contextos.
Acesse o relatório na íntegra aqui.
Desafios e Oportunidades
Segundo o relatório, o mercado de capital de risco voltado para Floresta e Clima no Brasil enfrentou desafios como a geração de pipeline, evidenciado pela dificuldade de alguns fundos em alocar o montante captado em negócios com potencial de retorno, e a falta de financiamento público para contribuições a inovação no setor florestal. Além disso, a regulação ainda em amadurecimento, o risco associado aos projetos e a necessidade de capital inicial intensivo também desafiam a lógica do mercado de venture capital.
Por outro lado, as oportunidades são promissoras. O Brasil possui uma vantagem competitiva global na transição climática, com enorme potencial para negócios baseados na bioeconomia e soluções sustentáveis.
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O mercado de carbono, em particular, surge como uma alavanca importante, viabilizando projetos de reflorestamento e restauração por meio de fontes de financiamento antecipado. Além disso, tecnologias inovadoras, como blockchain, inteligência de dados e rastreabilidade, têm o potencial de aumentar a escalabilidade e a credibilidade dos negócios florestais, tornando-os mais atraentes para investidores de venture capital e abrindo espaço para um novo ciclo de crescimento no setor.
O papel das gestoras
O relatório destaca o papel estratégico das gestoras de venture capital no setor, atuando em frentes como fomento à inovação, mitigação de riscos e estruturação de cadeias de valor. Apesar dos desafios, as gestoras podem impulsionar o crescimento de negócios sustentáveis por meio de estratégias como Blended Finance e apoio estratégico ativo. Além do aporte financeiro, elas podem conectar startups a parceiros estratégicos, fomentar a inovação tecnológica e integrar negócios a cadeias produtivas sustentáveis.
“O estudo revela um vasto potencial ainda pouco explorado para o venture capital na agenda de Floresta e Clima. Para impulsionar a bioeconomia e a recuperação ambiental no Brasil, é fundamental adotar estratégias mais eficazes para conectar investidores a negócios de impacto e destravar o fluxo de capital. A estruturação de mecanismos que reduzam riscos e fortaleçam o pipeline de startups é essencial para transformar esse cenário. Com um maior engajamento, o venture capital pode desempenhar um papel decisivo como impulsionador da bioeconomia e da transição climática, ampliando o impacto positivo”, comentou Gustavo Luz, diretor do Fundo Vale.
“Temos o desafio de financiar e fomentar a transição climática no Brasil por meio de uma tese de Floresta e Clima, aproveitando o enorme potencial e privilégio nacional nessa agenda. Acreditamos que o fortalecimento de negócios de impacto socioambiental e a mobilização de novos investidores são caminhos essenciais para esse propósito. No entanto, alcançar esse objetivo exige uma atuação conjunta, sem precedentes, envolvendo diferentes atores, recursos e mandatos”, afirmou Isabella Zicarelli, analista do Fundo Vale.
“O estudo é muito relevante para nos contextualizar, orientar e direcionar sobre como o capital de risco pode se posicionar e somar esforços nessa agenda. Ele traduz esse potencial em oportunidades concretas, incentivando a participação de novos atores”, acrescentou Nathalia Cipoleta, também analista do Fundo Vale, que colaborou com a revisão do estudo ao lado de Zicarelli.