12/02/25

Publicação contou com apoio do Fundo Vale e BID Lab e tem o objetivo de fortalecer a economia da sociobiodiversidade 

Resultado do Workshop “Inovação e negócios comunitários: Como aproximar e conectar os ecossistemas?”, a Conexsus e a Fundação CERTI, com apoio do Fundo Vale e BID Lab,  lançaram um documento com diretrizes para aproximar Ecossistemas de Negócios Comunitários (ENC) e Ecossistemas de Inovação (EI). A publicação, intitulada “Inovação e negócios comunitários da sociobioeconomia: Como aproximar e conectar ecossistemas”, visa direcionar ações futuras para fortalecer a economia da sociobiodiversidade, promovendo a colaboração entre Negócios Comunitários de Impacto Socioambiental (NCISs) e agentes de inovação. Embora focado na Amazônia, o documento pode orientar a colaboração em qualquer bioma. 

No workshop que originou a publicação, realizado no primeiro semestre de 2024 com participação de mais de 50 pessoas, entre elas representantes de cooperativas, associações de impacto socioambiental, organizações e agentes de inovação, ficou claro o distanciamento atual entre ENC e EI, evidenciado em aspectos como diferenças de contexto, linguagem e práticas. Por outro lado, há convergência quanto às oportunidades dessa colaboração. 

“Entendemos que diversas soluções inovadoras podem florescer dessa conexão, porém ainda presenciamos no setor poucos casos de relacionamento estratégico e perene entre esses atores. Além disso, as iniciativas não aterrissam totalmente na realidade das comunidades da Amazônia e de seus empreendimentos”, observa Pedro Frizo, Diretor de Operações da Conexsus. 

Para a Gerente Amazônia e Parcerias do Fundo Vale, presente no evento, promover espaços para essa aproximação é fundamental para o avanço da agenda. “São mundos e linguagens muito diferentes. Os objetivos são parecidos, mas não há uma interação natural entre os negócios comunitários e o empreendedorismo baseado em inovação. Então, o primeiro passo para a construção de iniciativas estratégicas e colaborativas é promover encontro como estes. Um setor pode trazer soluções importantes para o outro”, afirma.  

Ecossistemas de negócios de impacto socioambiental 

Em um contexto de emergência climática, fortalecer as economias da sociobiodiversidade ganha força não apenas como uma estratégia de mitigação e adaptação , mas também como um posicionamento do Brasil na liderança de uma economia baseada no uso sustentável da biodiversidade, com impacto socioeconômico e ambiental positivo. Para isso, é fundamental manter o diálogo com instituições de Ciência e Tecnologia (ICTs), centros de ensino, startups e outras organizações de apoio, como foi o caso do evento que criou as bases para o texto. 

“A inovação pode atuar como um vetor de desenvolvimento para as comunidades, promovendo ganhos de produtividade, agregação de valor aos produtos, redução de custos e a integração de novas tecnologias. Construir pontes entre pesquisadores e empreendedores da Amazônia, e os saberes ancestrais das comunidades e povos originários, é um passo essencial para alcançar a valorização da floresta em pé”, pontua Janice Maciel, gerente de Economia Verde da Fundação CERTI. 

Ouvir os ecossistemas, em uma metodologia de cocriação com negócios comunitários e agentes de inovação, foi fundamental para construir um conjunto de diretrizes que, de maneira estruturada, pode auxiliar no desenho e implementação de estratégias, programas e iniciativas que busquem justamente trabalhar com o tema da inovação em sociobioeconomia de forma inclusiva, participativa, responsável e eficiente. 

Conciliação entre Ecossistemas de Negócios Comunitários e de Inovação 

O texto mostra que, para uma aproximação eficaz dos dois ecossistemas discutidos, é essencial: 

  • Ampliar a visão; 
  • Reconhecer a importância dos saberes dos negócios comunitários; 
  • Oportunizar uma colaboração mais equitativa entre os atores; 
  • Alinhar linguagem e conceitos-chave; 
  • Envolver intencionalmente jovens e mulheres nos projetos. 

A comunicação acessível e transparente, aliada a recursos financeiros estruturantes, são condições básicas para o sucesso das iniciativas de inovação colaborativa. 

Um caminho possível para essa aproximação é apresentado com mais detalhes na publicação e inclui os seguintes passos: 

  1. Sensibilização: promover a compreensão mútua através de intercâmbios, visitas de campo, workshops de integração e engajamento da juventude e das lideranças femininas; 
  1. Reconhecimento de Oportunidades: utilizar investigação apreciativa, sessões de mapeamento participativo e busca por valor mútuo; 
  1. Priorização de Temas: conduzir sessões de ideação e validação com matrizes de priorização; 
  1. Definição de Fluxos de Informação: criar espaços de interação e troca, acordos de colaboração, ritos de comunicação e processos de feedback contínuo; 
  1. Co-desenvolvimento de Soluções: utilizar prototipagem, projetos-piloto e laboratórios de experimentação; 
  1. Participação Justa nos Resultados: garantir a distribuição de valores, métricas de avaliação e transparência financeira; 
  1. Colheita de Aprendizados e Escala: documentar sistematicamente, realizar sessões de reflexão, formar comunidades de prática e compartilhar experiências.